USP identifica gripe aviária no Parque do Ibirapuera, em São Paulo

Pesquisadores da USP confirmaram os primeiros casos de gripe aviária de alta patogenicidade em aves silvestres encontradas no Parque Ibirapuera, um dos principais pontos turísticos da capital paulista. A confirmação veio após análises do Laboratório de Pesquisa em Vírus Emergentes (LPVE) da USP e foi validada pelo Laboratório Federal de Defesa Agropecuária (LFDA) no dia 4 de julho.
As amostras vieram de dois irerês (Dendrocygna viduata) e um socó (Butorides striata), aves aquáticas que não são residentes permanentes do parque. Duas testaram positivo para o vírus, e a terceira segue em análise.
Monitoramento constante e sequenciamento genético
Ao receber as amostras, a equipe priorizou testes moleculares e confirmou a presença do vírus por meio de PCR em tempo real e sequenciamento genético.
De acordo com o virologista Luciano Thomazelli, do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, o sequenciamento parcial já sugere que essa cepa é diferente da que tem circulado na costa brasileira.
Transmissão e riscos para a população
A gripe aviária é uma zoonose com potencial de causar grandes prejuízos econômicos, especialmente na avicultura. A transmissão entre aves ocorre principalmente por contato direto com secreções ou fezes infectadas, além de meios indiretos como água e solo contaminado.
A transmissão para humanos é rara, e geralmente ocorre apenas em contatos muito próximos, como entre criadores e tratadores de aves. Não há registro de casos humanos no Brasil até o momento, e as exportações de carne e ovos não foram afetadas.
Orientações para visitantes do parque
Autoridades reforçam que não há motivo para pânico, mas é essencial que a população colabore com medidas preventivas:
- Evite tocar em aves silvestres doentes ou mortas
- Comunique imediatamente à Defesa Agropecuária caso veja algum animal nessa condição
- Não alimente animais silvestres no parque
- Siga as orientações das equipes de vigilância e sinalização no local
Equipes da prefeitura e da administração do Ibirapuera já estão realizando rondas e ações educativas para informar os visitantes e monitorar a fauna do parque.
Uma nova linhagem em observação
Os estudos genéticos em andamento sugerem que a cepa identificada no Ibirapuera não corresponde às linhagens previamente registradas no litoral brasileiro, levantando hipóteses sobre novas rotas de migração e circulação do vírus. Esse fator torna o episódio ainda mais relevante para a vigilância sanitária nacional.
O caso acende o alerta para a importância de monitoramento contínuo da fauna silvestre em áreas urbanas.