O omeprazol é um dos medicamentos mais prescritos para tratar refluxo, gastrite e úlceras gástricas. Ele atua como inibidor da bomba de prótons, reduzindo a produção de ácido no estômago. Porém, esse mesmo ácido é essencial para a absorção de vitamina B12, nutriente fundamental para o funcionamento neurológico, produção de glóbulos vermelhos e saúde celular.

Estudos mostram que o uso contínuo do omeprazol pode diminuir significativamente os níveis de B12 no organismo. De acordo com o National Institutes of Health (NIH), pacientes que utilizam inibidores da bomba de prótons por mais de dois anos apresentam maior risco de deficiência desse nutriente.

Fadiga, perda de memória e até demência

A deficiência de vitamina B12 pode provocar sintomas como cansaço excessivo, formigamento nas extremidades, lapsos de memória e dificuldade de concentração. Em casos mais graves, especialmente em idosos, a falta crônica dessa vitamina pode acelerar quadros de demência.

Além da carência nutricional, há evidências científicas que associam o uso prolongado de omeprazol a alterações na função cognitiva, por afetar também a microbiota intestinal e o equilíbrio do sistema nervoso. Por isso, agências reguladoras como a EMA (Agência Europeia de Medicamentos) recomendam cautela em tratamentos de longo prazo, sobretudo em pessoas com predisposição genética a doenças neurológicas.

Prejuízos para ossos e rins: o que dizem os especialistas

O omeprazol também pode comprometer a absorção de cálcio, essencial para a saúde óssea. Com o passar do tempo, isso aumenta o risco de fraturas em regiões como quadril, coluna e punhos. O FDA, órgão regulador dos EUA, alerta que o uso crônico do medicamento deve ser feito com acompanhamento médico rigoroso, especialmente em idosos.

Além disso, estudos associam o uso prolongado à ocorrência de lesões nos rins, como nefrite intersticial aguda e maior risco de desenvolver doença renal crônica. Pessoas com comorbidades ou predisposição devem ter atenção redobrada.

O impacto do omeprazol na flora intestinal

O omeprazol altera o pH estomacal, favorecendo o crescimento de bactérias resistentes e prejudicando a microbiota intestinal. Isso pode levar a sintomas como inchaço, gases, diarreia e até infecções graves, como as causadas pela bactéria Clostridium difficile.

A American Gastroenterological Association também alerta para o impacto negativo dos inibidores da bomba de prótons sobre a diversidade bacteriana intestinal, o que pode comprometer a absorção de nutrientes e a imunidade.

Quando o uso do omeprazol é realmente indicado?

O omeprazol é altamente eficaz e indicado para tratar refluxo gastroesofágico, úlceras, gastrite e como prevenção em pacientes que usam anti-inflamatórios crônicos. No entanto, seu uso contínuo deve sempre ser reavaliado por um médico.

De acordo com especialistas, muitas vezes é possível complementar ou substituir o uso do medicamento com mudanças no estilo de vida, como melhorar a alimentação, praticar atividade física, perder peso e elevar a cabeceira da cama para evitar o refluxo noturno.