Modificação genética faz corpo produzir seu próprio “Ozempic”, mostra estudo japonês

Modificação genética faz corpo produzir seu próprio “Ozempic”, mostra estudo japonês
Publicado em 16/07/2025 às 7:28

Um estudo revolucionário da Universidade de Osaka, no Japão, revelou que é possível programar geneticamente o organismo para produzir sua própria versão de medicamentos da classe do Ozempic, usados no tratamento da obesidade e do diabetes tipo 2.

Utilizando uma técnica de edição genética com nanopartículas lipídicas, os cientistas modificaram o fígado de ratos para que eles passassem a produzir a exenatida, um análogo do GLP-1 com efeito semelhante ao do famoso medicamento.

Essa abordagem funcionou como uma “injeção única” de terapia gênica. A substância terapêutica permaneceu ativa por até 28 semanas, com resultados expressivos na redução de apetite, peso e resistência à insulina e sem efeitos colaterais relevantes. Isso abre caminho para uma possível substituição das aplicações semanais de GLP-1 por um tratamento duradouro e de aplicação única.

Como essa tecnologia se diferencia?

Diferentemente das terapias atuais, como o Ozempic e a semaglutida, que dependem de injeções regulares para manter a ação do hormônio, o novo estudo aposta em um modelo mais permanente: ensinar o corpo a fabricar seu próprio “remédio”. Isso foi possível graças à inserção de um gene modificado por CRISPR no DNA dos camundongos, fazendo com que o fígado se tornasse uma “fábrica biológica” de exenatida.

Os agonistas do GLP-1, como a exenatida e a semaglutida, imitam o hormônio natural que regula o açúcar no sangue e ajuda no controle do apetite. Até então, o maior avanço foi a criação de versões de longa duração, como o Ozempic, que reduziu a frequência de uso para apenas uma aplicação por semana. Agora, a proposta japonesa vai além: eliminar a necessidade de injeções contínuas.

E os testes em humanos?

Embora o estudo ainda esteja na fase animal, os resultados chamaram atenção da comunidade científica e da indústria. Empresas como a Fractyl Health, nos Estados Unidos, já estão desenvolvendo terapias genéticas semelhantes e com testes promissores em roedores.

Testes ainda devem ser feitos em humanos – ito:Ignatiev/istock

Segundo os pesquisadores japoneses, o próximo passo é avançar para estudos clínicos em humanos. A expectativa é de que essa tecnologia possa um dia oferecer alternativas definitivas para o tratamento da obesidade, diabetes tipo 2 e outras condições metabólicas.

Ainda que os testes em humanos estejam por vir, o estudo marca um avanço impressionante no campo da medicina de precisão e edição genética, e sinaliza que o futuro do combate à obesidade pode estar dentro do próprio corpo.