Últimas notícias

Estudo mostra como embalagens liberam microplásticos nos alimentos

Estudo mostra como embalagens liberam microplásticos nos alimentos
Publicado em 24/06/2025 às 18:49

O levantamento mostra que a presença de partículas plásticas nos alimentos não está restrita a embalagens óbvias, como potes ou sacolas plásticas – RusN/iStock – RusN/iStock

Uma nova pesquisa científica acende o alerta sobre uma fonte silenciosa, porém constante, de contaminação alimentar: as embalagens. Segundo um estudo publicado recentemente na revista NPJ Science of Food, até mesmo ações simples e rotineiras como abrir uma garrafa de vidro ou preparar um chá com saquinho podem estar liberando partículas microscópicas de plástico nos alimentos e bebidas.

O estudo, liderado por Lisa Zimmermann, pesquisadora do Food Packaging Forum, na Suíça, identificou que o atrito provocado ao abrir e fechar repetidamente tampas de garrafas — tanto de plástico quanto de vidro com vedação plástica — pode gerar uma quantidade significativa de micro e nanoplásticos, que acabam sendo ingeridos junto com o conteúdo.

Contaminação invisível, mas presente

O levantamento mostra que a presença de partículas plásticas nos alimentos não está restrita a embalagens óbvias, como potes ou sacolas plásticas. Ela também ocorre em:

  • Embalagens de frios e queijos
  • Caixas de leite ou suco com revestimento plástico interno
  • Tampas metálicas com selos plásticos
  • Saquinhos de chá mergulhados em água quente

“A cada vez que você abre uma embalagem, principalmente tampas rosqueáveis, há liberação de microplásticos. A exposição vem do uso diário e direto desses materiais com os alimentos”, afirma Zimmermann em comunicado à imprensa.

Estudo revela conexão direta entre o uso cotidiano de embalagens plásticas e a contaminação dos próprios alimentos – fotofrog/iStock
Estudo revela conexão direta entre o uso cotidiano de embalagens plásticas e a contaminação dos próprios alimentos – fotofrog/iStock – fotofrog/istock

Alimentos mais afetados

Os pesquisadores encontraram vestígios de micro e nanoplásticos em uma ampla variedade de produtos consumidos regularmente, como:

  • Água mineral
  • Cerveja
  • Refrigerantes
  • Peixe enlatado
  • Arroz
  • Sal de mesa
  • Comidas para viagem

É a primeira vez que se apresenta, de forma sistemática, uma conexão direta entre o uso cotidiano de embalagens plásticas e a contaminação dos próprios alimentos por esses resíduos.

Substâncias preocupantes

Em uma investigação paralela, também conduzida pelo Food Packaging Forum, mais de 3.600 substâncias químicas foram identificadas como migrantes de embalagens para alimentos durante os processos de produção e armazenamento. Entre essas, 79 compostos estão associados a sérios riscos à saúde, incluindo:

  • Câncer
  • Mutação genética
  • Disfunções hormonais
  • Problemas reprodutivos

Zimmermann destaca que a exposição contínua e acumulada a essas partículas — muitas vezes invisíveis a olho nu — representa uma ameaça ainda pouco compreendida, mas que exige atenção imediata de consumidores, fabricantes e autoridades regulatórias.

E agora? Como reduzir o risco?

Embora ainda não haja regulamentações específicas para limitar micro e nanoplásticos em embalagens de alimentos, especialistas recomendam algumas medidas para minimizar a exposição:

  • Priorizar embalagens de vidro com vedação natural (sem plástico interno)
  • Reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados ou embalados individualmente
  • Evitar reaquecer alimentos em plásticos, especialmente no micro-ondas
  • Preferir alimentos frescos e a granel, quando possível

O estudo reacende o debate sobre segurança alimentar em um mundo cada vez mais dependente do plástico. O desafio agora é transformar a consciência científica em ação prática — antes que os impactos se tornem irreversíveis.


Como guardar os alimentos do jeito certo na geladeira e evitar desperdícios

A geladeira é um dos eletrodomésticos mais movimentados da casa. Vai pão, sai manteiga, entra marmita, sai suco… E no meio dessa dança diária, muitos alimentos acabam esquecidos no fundo de uma prateleira ou armazenados onde não deveriam. Resultado: comida vencida, mau cheiro e, às vezes, até risco à saúde.