O Tribulus terrestris, também conhecido como Gokshura ou Gokharu, é uma planta utilizada há séculos na medicina tradicional da Índia e da China. Seu extrato, obtido do fruto seco, era vendido como suplemento alimentar até 2020, sem necessidade de receita.

Porém, uma resolução da Anvisa, publicada em fevereiro de 2024, mudou esse cenário. O Tribulus passou a ser classificado como medicamento fitoterápico, com venda controlada. Atualmente, só pode ser adquirido mediante prescrição médica ou por indicação de nutricionistas especializados em fitoterapia, sendo produzido por indústrias farmacêuticas autorizadas ou farmácias de manipulação.

Benefícios conhecidos do Tribulus terrestris

Estudos apontam que o uso da planta pode estar associado a melhora da libido, aumento da disposição, modulação hormonal e suporte ao ganho de massa muscular. No entanto, muitos desses estudos foram realizados em animais, e os testes com humanos ainda são limitados ou inconclusivos, principalmente pela falta de padronização nas doses e concentrações dos extratos.

Mesmo assim, é comum o uso do Tribulus por quem busca melhorar o desempenho físico e a vitalidade.

Como ele atua no corpo?

O Tribulus é rico em saponinas, principalmente a protodioscina, que tem efeito semelhante a enzimas responsáveis pela conversão de testosterona em DHT (di-hidrotestosterona) — hormônio ligado ao desenvolvimento muscular, recuperação tecidual e produção de células sanguíneas.

A substância também estimula a produção de DHEA, hormônio relacionado ao sistema imunológico, energia, bem-estar e equilíbrio hormonal.

Na prática, isso pode se traduzir em mais disposição nos treinos, melhora da força, redução da fadiga e recuperação muscular mais eficiente, quando associado a uma rotina de exercícios e alimentação adequada.

Evidências científicas

Estudos com fisiculturistas indicam que o uso do Tribulus pode gerar uma melhora moderada na massa muscular em comparação ao placebo. Outras pesquisas sugerem que seu consumo antes de atividades intensas ajuda na redução dos danos musculares provocados pelo esforço físico.

Indicações e restrições de uso

O Tribulus pode ser recomendado para pessoas que buscam melhor desempenho físico, mais disposição e melhora da libido, especialmente em situações como baixa testosterona, perimenopausa ou queda de vitalidade.

Por outro lado, não é indicado para todos. Pacientes com hipertensão, problemas cardíacos, gestantes, lactantes e pessoas com doenças no fígado devem evitar seu uso, pois a planta pode interferir nos hormônios, na pressão arterial e sobrecarregar o fígado.

Além disso, não há comprovação de benefícios para controle do diabetes. Seu uso, nesses casos, só deve ser feito com orientação médica, devido ao risco de interação com outros medicamentos.

Possíveis efeitos colaterais

O consumo em excesso pode causar:

• Dores de cabeça
• Aumento temporário da pressão arterial
• Acne e queda de cabelo em mulheres
• Inchaço e retenção de líquidos
• Ginecomastia (aumento das mamas em homens)
• Aumento da próstata
• Alterações no ciclo menstrual feminino

Por isso, quem tem histórico de hiperplasia prostática ou problemas hormonais deve ter atenção redobrada e sempre buscar avaliação profissional antes de iniciar o uso.

Como consumir com segurança?

O extrato geralmente é padronizado em 40% de saponinas, sendo encontrado em cápsulas ou tabletes. A dose comum varia entre 500 mg a 1 g por dia, por períodos de até três meses, sempre com acompanhamento.

Para melhorar sua absorção e eficácia, é recomendado associar o uso ao zinco, um mineral que favorece a ação da planta no organismo.

Riscos ao fígado

O Tribulus é metabolizado no fígado. Por isso, em doses altas — acima de 2 g por dia — ou em uso prolongado, pode gerar sobrecarga hepática. Pessoas com problemas no fígado devem evitar seu consumo.

Conclusão

O Tribulus terrestris pode auxiliar na modulação hormonal, aumento da disposição e suporte à libido e ganho muscular, mas seu uso exige cautela. A nova legislação garante mais segurança ao restringir sua venda e reforça a importância de sempre contar com orientação profissional antes de utilizá-lo.