planta com propriedades digestivas, anti-inflamatórias e cicatrizantes

A calêndula, conhecida cientificamente como Calendula officinalis e popularmente chamada de “botão de ouro”, está presente em jardins ao redor do mundo há séculos, cultivada não só por sua beleza, mas também por sua versatilidade e adaptação a diversos climas. Civilizações antigas como a grega, romana, árabe e hindu valorizavam a planta tanto pela aparência vibrante quanto pelos múltiplos usos que ela proporcionava.
Além da função ornamental, a calêndula teve um papel prático importante: suas flores eram usadas para tingir tecidos, colorir alimentos e fabricar cosméticos. Essa utilidade contribuiu para a expansão de seu cultivo além do Mediterrâneo, chegando à Europa Ocidental no final da Idade Média. Simultaneamente, em sistemas medicinais tradicionais como o ayurveda e a medicina chinesa, a calêndula ganhou destaque pelas suas propriedades terapêuticas, especialmente no cuidado da pele, devido às suas ações anti-inflamatórias e calmantes.
Mais do que um recurso medicinal, a calêndula integra práticas culturais e espirituais em diversas regiões, especialmente na Índia e no Oriente Médio. Um exemplo atual dessa tradição é o uso da “coroa de calêndula” para proteção energética das residências. Segundo a especialista em herbologia María Jimena Lannutti, essa coroa é colocada na porta das casas para afastar energias negativas e proteger os moradores.
Propriedades da calêndula
As flores da calêndula, em tons de laranja e dourado, são ricas em nutrientes e compostos bioativos, como flavonoides, carotenoides, óleos essenciais e antioxidantes. Esses elementos são responsáveis pelos inúmeros benefícios da planta para a saúde.
Cicatrizante
A calêndula é amplamente reconhecida por sua capacidade de acelerar a cicatrização da pele. Lannutti destaca que seu uso tópico é eficaz para tratar feridas, erupções e infecções cutâneas, o que justifica sua presença em muitos produtos dermatológicos. Essa propriedade já era estudada na Idade Média por Santa Hildegarda de Bingen, uma figura influente na medicina natural da época, que comprovou a eficácia da calêndula para cuidados da pele.
Digestiva
Similar à camomila, a calêndula também atua como auxiliar no tratamento de problemas digestivos, ajudando a aliviar desconfortos e a sensação de peso estomacal. De acordo com Hasbani, isso se deve à presença de flavonoides, que reduzem a inflamação corporal. O site médico WebMD ressalta que os componentes antioxidantes da calêndula também podem proteger contra doenças cardíacas e diminuir a fadiga muscular.
Protetora solar
O óleo concentrado da calêndula tem potencial para atuar como protetor solar auxiliar. Um estudo publicado na BioMed Research International indicou que cremes contendo calêndula podem oferecer FPS 18, nível considerado terapêutico para a pele. Embora os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA recomendem FPS mínimo de 15, o estudo alerta para a necessidade de mais pesquisas sobre a eficácia da calêndula na proteção contra os raios solares. Até lá, o uso de protetores convencionais continua recomendado para prevenir câncer de pele e outras complicações.

Usos e precauções
As pétalas da calêndula podem ser consumidas em saladas ou utilizadas como ingrediente em receitas gourmet. Para uso terapêutico, a infusão é uma forma simples: basta colocar uma colher de chá das pétalas secas em uma xícara de aproximadamente 250 ml de água quente e deixar em infusão por 5 a 10 minutos. Além disso, chás de calêndula estão disponíveis em lojas de produtos naturais, muitas vezes combinados com outras ervas digestivas e calmantes.
Por fim, o portal médico MedlinePlus da Biblioteca Nacional de Medicina dos EUA alerta para precauções no uso da calêndula, especialmente durante a gravidez e lactação. Pessoas alérgicas a plantas da família das compostas, como ambrosia e crisântemos, devem consultar um médico antes de consumir calêndula para evitar reações adversas.