AGÊNCIA DC-NEWS

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Publicado em 23/05/2025 às 11:16

[AGÊNCIA DC NEWS]. O preço nos supermercados e restaurantes aumentou, o que não impediu o brasileiro de consumir ainda mais – pelo menos até agora. É o que aponta a pesquisa Índices de Consumo em Supermercados e Restaurantes, realizada pela Alelo, empresa de benefícios, incentivos e gestão de despesas corporativas, em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Quando analisado o recorte entre janeiro e abril deste ano, sobre um ano antes, os supermercados registram um crescimento de 8% no número de transações e de 17,3% no valor transacionado. Os restaurantes, por sua vez, tiveram aumento de 15,9% no valor transacionado, com valor médio de transação 15,4% maior. Mas há um potencial ponto de inflexão. Em abril, na comparação com março, os supermercados apresentaram queda de 1,6% tanto no volume de transações quanto no valor das transações, com tíquete médio 0,05% inferior. Entre os restaurantes, apesar de estabilidade no volume transacionado (+0,01%), houve retração de 1,1% tanto no valor das transações quando no tíquete médio.

Segundo Maiara Souza, gerente de ciência de dados e IA da Alelo, o dado representa uma possível desaceleração econômica, apesar dos setores terem se mostrado “incrivelmente resilientes no passado recente”. Para ela, ainda que os indicadores tenham se mostrado robustos na largada do ano, a Selic a 14,75% é um alerta para os varejistas do ramo. “O aumento da taxa básica de juros e sua possível manutenção em patamares elevados por muito tempo é um remédio amargo para conter pressões inflacionárias”, afirmou. A expectativa para os próximos meses, segundo ela, é de acomodação dos indicadores, mas a especialista não descarta queda no desempenho do consumo nesses segmentos a depender da macroeconomia.

Com estes dados postos, tanto a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) quanto a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) fazem suas apostas para ano. Entre os supermercadistas, a expectativa é de crescimento na casa dos 2,7% – em 2024, o setor cresceu 6,5%. No ramo de alimentação fora do lar, a projeção é de um crescimento de 3% no cenário mais pessimista e 5% em um recorte mais otimista Em 2024 o setor de alimentação fora do lar cresceu 10%.

Escolhas do Editor

Para Joaquim Saraiva, diretor da Abrasel-SP, o bom resultado no começo de 2025 está relacionado ao desempenho do mercado de trabalho. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) feita pelo IBGE e divulgada em março, são 39,6 milhões de trabalhadores com carteira assinada, alcançando recorde histórico da série iniciada em 2012. “Temos mais pessoas consumindo fora do lar porque estão saindo de casa. Esse aumento significativo de empregos influencia muito”, disse. A expectativa da entidade é que o setor cresça, no cenário pessimista, 3% e no otimista, 5% no acumulado de 2024.

Segundo o índice da Alelo, na análise de abril deste ano, frente ao mesmo mês do ano passado, houve retração no número de transações efetivadas (4,9%) ainda assim, o indicador aponta uma alta e 11,8% no valor transacionado no mesmo período e de 17,7% no tíquete médio. Em 12 meses os resultados continuam positivo. Alta de 4,4% no volume de transações, 17,7% no valor das transações e de 12,7% no tíquete médio.

O universo de supermercados houve avanço de 6,2% em abril deste ano, ante ao ano anterior, com alta de 16,2% no valor das transações e de 9,5% no tíquete médio. Na avaliação dos últimos 12 meses até abril, houve alta de 10,4% no volume de transações, 19,9% no valor das compras e 8,6% no tíquete médio. Felipe Queiroz, economista-chefe da Associação Paulista de Supermercados (Apas), afirma que o crescimento de 3,4% do PIB ano passado ficou acima da expectativa dos agentes econômicos, e puxou consigo os bons resultados da cadeia supermercadista, no entanto, os efeitos da Selic de dois dígitos tem chegado ao consumidor, “o que irá pesar ainda mais na disponibilidade de consumo das famílias brasileiras.”

Joaquim Saraiva | Abrasel

Segundo Maiara Souza, ainda que os fatores macroeconômicos já estejam pressionando a renda das famílias, um fator que pode ter ajudado a amortecer a curva de alta dos últimos meses são os benefícios corporativos, políticas de valorização do salário mínimo e o apoio a programas de transferência de renda, como o Bolsa Família. “De acordo com dados apresentados no último Panorama Benefícios Brasil, apurado pela Alelo junto à Fipe, o valor médio do benefício alimentação em março de 2025 corresponde a 13,8% do rendimento médio mensal dos trabalhadores empregados com carteira assinada no setor privado”, disse. Em paralelo, o benefício refeição significou 16,9% a mais na renda dos trabalhadores formais. Juntos, o recebimento dos benefícios representa um aumento de 30,6% no rendimento mensal das pessoas em registros formais no mercado de trabalho.