Chamado à Maturidade Interior

Chamado à Maturidade Interior
Professor Roque Cortes Pereira
Publicado em 17/05/2025 às 18:24

ARTIGO | Prof. Roque Cortes Pereira
Professor Universitário, Jornalista, Escritor e Presidente da FUNCLOB – Fundação Clóvis Beviláqua. É Sensei de Karatê-Do e Judô, com trajetória consolidada na formação de líderes e promoção de valores humanos nas áreas da Educação, Artes Marciais e Desenvolvimento Social.

Os Três Fundamentos da Verdadeira Sabedoria: Um Chamado à Maturidade Interior

Em tempos de polarizações, julgamentos apressados e reações instantâneas, redescobrir a sabedoria é mais do que necessário — é um dever espiritual e moral. Este artigo convida à reflexão sobre três pilares que sustentam a verdadeira sabedoria, à luz da Bíblia Sagrada, da filosofia estoica e dos ensinamentos que recebi ao longo da vida como educador e mestre nas artes marciais.

1. Silenciar diante das provocações: a força do autocontrole

Silenciar não é omitir-se, mas preservar a dignidade. Em Provérbios 26:4, encontramos a seguinte orientação:
“Não respondas ao insensato segundo a sua estultícia, para que também não te tornes semelhante a ele.”

A sabedoria bíblica dialoga com o estoicismo de Epicteto, que ensinava que o mal não está no que nos fazem, mas em como reagimos. A maturidade exige domínio próprio. No Karatê-Do e no Judô, aprendemos que o verdadeiro guerreiro evita o conflito desnecessário. Como dizia um antigo provérbio oriental: “O som do silêncio é mais alto que o grito do ignorante.”

2. Ter bravura diante das dificuldades: firmeza como virtude

A vida nos testa. As provações moldam o caráter. O apóstolo Tiago nos conforta com estas palavras:
“Bem-aventurado o homem que suporta a provação; porque, depois de aprovado, receberá a coroa da vida.” (Tiago 1:12)

O filósofo Sêneca dizia que nenhum vento é favorável a quem não sabe aonde vai. A coragem, nesse sentido, é mais do que bravura física — é força de espírito. No Karatê-Do, chamamos isso de fudoshin: a mente imperturbável diante da tempestade. No Judô, a bravura se manifesta na superação contínua de limites, sempre com o espírito de seiryoku zen’yō (máxima eficiência com mínimo esforço) e jita kyōei (prosperidade e benefício mútuo). A luta é constante, mas o praticante aprende a levantar-se com humildade e firmeza, mesmo após uma queda.

3. Cultivar a paciência diante do que foge ao nosso controle

A paciência é, talvez, a virtude mais desafiadora dos tempos modernos. Em Eclesiastes 3:1, lemos:
“Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu.”

Marco Aurélio, imperador e filósofo, ensinava:
“Aceite serenamente aquilo que você não pode mudar. Está no domínio da natureza, não no seu.”

Como professor e mestre de Judô e Karatê, vejo nas artes marciais uma escola de paciência. Nada amadurece de um dia para o outro. Cada faixa conquistada representa um ciclo de aprendizagem, esforço e espera. Aprendemos a respeitar o tempo da natureza e do outro, reconhecendo que há lições que só o silêncio e o tempo podem ensinar.

Considerações Finais

Silenciar diante das provocações, ter bravura diante da dor e cultivar paciência diante do incerto: esses são os três fundamentos da sabedoria que, quando bem compreendidos, nos conduzem a uma vida de mais serenidade, justiça e propósito.

Em cada dojo, em cada sala de aula, levo comigo esses princípios. Pois educar — com a palavra, com o exemplo e com a disciplina — é semear sabedoria que transforma o ser humano por inteiro.

Prof. Roque Cortes Pereira
Professor Universitário, Jornalista, Escritor e Presidente da FUNCLOB – Fundação Clóvis Beviláqua
Sensei de Karatê-Do e Judô
[email protected] | São Paulo – SP