Dormir após beber durante o voo pode afetar o coração, revela estudo

Dormir após beber durante o voo pode afetar o coração, revela estudo
Publicado em 14/05/2025 às 5:57

Estudo alertapara os riscos dessa combinação em ambientes com pressão atmosférica reduzida, como a de cabines pressurizadas de aeronaves – iStock/Chalabala – Getty Images/iStockphoto

Viajar de avião é, para muitos, uma atividade rotineira — mas novos dados científicos indicam que alguns hábitos comuns a bordo podem ter efeitos adversos para a saúde cardiovascular. Um estudo conduzido por pesquisadores alemães revela que dormir em voo após beber bebidas alcoólicas pode reduzir significativamente os níveis de oxigênio no sangue e aumentar a frequência cardíaca, mesmo em pessoas jovens e saudáveis.

Os resultados, publicados na revista científica Thorax, do grupo British Medical Journal (BMJ), alertam para os riscos dessa combinação em ambientes com pressão atmosférica reduzida, como a de cabines pressurizadas de aeronaves.

Estudo simula voo e analisa efeitos do álcool no organismo

A pesquisa analisou 48 voluntários saudáveis, com idades entre 18 e 40 anos, divididos em dois grupos. Parte dos participantes dormiu em um laboratório tradicional, em nível do mar, enquanto os demais passaram a noite em uma câmara que simulava a pressão de um avião em cruzeiro, equivalente a uma altitude de cerca de 2.400 metros.

Antes de dormir, metade dos voluntários consumiu uma quantidade moderada de álcool — equivalente a duas latas de cerveja ou dois copos de vinho. A concentração média de álcool no sangue registrada foi de 0,043%.

Impactos fisiológicos foram expressivos

Os resultados chamaram atenção: entre os que dormiram sob baixa pressão e consumiram álcool, a saturação de oxigênio no sangue caiu para 85%, e a frequência cardíaca subiu para cerca de 88 batimentos por minuto. Já aqueles que dormiram sob as mesmas condições, mas sem álcool, apresentaram oxigenação ligeiramente superior (88%) e batimentos mais controlados (72,9 bpm).

Reconsiderar o consumo de álcool antes de dormir a bordo pode ser uma escolha prudente.  – iStock/manassanant pamai
Reconsiderar o consumo de álcool antes de dormir a bordo pode ser uma escolha prudente.  – iStock/manassanant pamai – iStock/manassanant pamai

Em contraste, os que dormiram em condições normais, sem álcool e em pressão atmosférica ao nível do mar, mantiveram níveis ideais de oxigênio (95,8%) e frequência cardíaca mais baixa (63,7 bpm).

Riscos para passageiros com saúde fragilizada

Os pesquisadores alertam que esses efeitos fisiológicos — como a queda na oxigenação e o aumento da atividade cardíaca — podem representar um risco significativo para passageiros com doenças cardiovasculares ou respiratórias. Nesses casos, a combinação entre álcool e altitude pode sobrecarregar o organismo e elevar o risco de complicações durante o voo.

Limitações e necessidade de mais pesquisas

Embora os dados sejam relevantes, os autores do estudo reconhecem algumas limitações. Os testes foram realizados apenas com adultos saudáveis, e as condições de sono simuladas eram mais confortáveis que aquelas da maioria das cabines de classe econômica — com camas horizontais e espaço adequado para repouso.

Mesmo assim, os resultados levantam importantes questões sobre os efeitos da aviação comercial na saúde humana, em especial quando associada ao consumo de álcool. Os cientistas recomendam que passageiros — especialmente os que têm histórico de problemas cardíacos ou respiratórios — evitem beber bebidas alcoólicas antes de dormir durante voos.

Um alerta para hábitos em altitude

Embora muitas pessoas vejam uma taça de vinho ou cerveja no avião como parte da experiência de voo, os dados sugerem que esse hábito pode ter um custo fisiológico. Para quem deseja chegar ao destino com mais disposição — e menor risco à saúde — reconsiderar o consumo de álcool antes de dormir a bordo pode ser uma escolha prudente.

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