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Na linha de frente contra o HIV: o papel da PrEP em populações vulneráveis

Com o avanço das políticas de saúde e o fortalecimento das estratégias de prevenção, a profilaxia pré-exposição (PrEP) tem se mostrado uma importante ferramenta na luta contra o HIV. Um estudo publicado na revista científica The Lancet HIV reforça essa ideia ao revelar a eficácia da PrEP entre populações em maior vulnerabilidade no Brasil, México e Peru. A pesquisa analisou a implementação do medicamento em larga escala nesses países e trouxe dados promissores sobre adesão, efetividade e os desafios ainda enfrentados, especialmente entre jovens.
O que é a PrEP e para quem ela é indicada
- A PrEP é um medicamento antirretroviral utilizado por pessoas HIV-negativas como forma de prevenção ao vírus.
- Seu uso é indicado principalmente para populações em maior risco de infecção, como homens que fazem sexo com homens (HSH), travestis e mulheres trans.
- A eficácia está diretamente relacionada ao uso contínuo e correto do medicamento, em regime diário.
Estudo revela eficácia e viabilidade da PrEP
A pesquisa foi conduzida entre 2018 e 2021 em três países da América Latina: Brasil, México e Peru.
Participaram do estudo 9.509 pessoas, sendo:
- 3.928 no Brasil
- 3.288 no México
- 2.293 no Peru
- O estudo teve como foco avaliar a viabilidade da implementação da PrEP como política pública nesses países.
- A maioria dos participantes (94,3%) era formada por homens cisgêneros gays e bissexuais.
- Travestis e mulheres trans representaram 5,7% do total.

Alta adesão e baixos índices de infecção
- A taxa de adesão foi considerada satisfatória, com boa retenção ao longo do tempo.
- No Brasil, a oferta imediata da PrEP se mostrou viável e com baixa taxa de abandono precoce.
- Os casos de infecção por HIV foram raros entre aqueles que seguiram corretamente o regime de uso da PrEP.
- A incidência foi mais alta entre pessoas com menor adesão ao tratamento.
Desafios: juventude e vulnerabilidade social
- O estudo identificou que jovens e pessoas em situações de maior vulnerabilidade social apresentaram maior dificuldade em manter o uso contínuo da PrEP.
- Isso aponta a necessidade de estratégias específicas de engajamento para esses grupos.
- Fatores como estigma, acesso aos serviços de saúde e barreiras sociais impactam diretamente na adesão.
A importância de olhar para os determinantes sociais
- Além da distribuição do medicamento, é essencial abordar os fatores estruturais que aumentam o risco de infecção pelo HIV.
- O estudo reforça que políticas públicas de saúde precisam considerar desigualdades sociais, econômicas e culturais.
- A PrEP, por si só, é eficaz — mas seu impacto só será total se vier acompanhada de apoio social e acesso garantido.

Cooperação internacional e perspectivas futuras
O projeto, batizado de ImPrEP, foi uma iniciativa conjunta entre:
- Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)
- Ministério da Saúde do Brasil
- Universidade Peruana Cayetano Heredia
- Instituto Nacional de Saúde Pública do México
- O modelo de implementação da PrEP nos três países pode servir de base para expandir o acesso a outras regiões da América Latina.
- O estudo destaca que a PrEP representa uma tecnologia essencial na resposta à epidemia de HIV.