[AGÊNCIA BRASIL]. A Associação Brasileira das Indústria de Calçados (Abicalçados) anunciou na terça-feira (8) aumento de 24,5% nas exportações em junho, em comparação com igual mês de 2024. As vendas brasileiras tiveram os Estados Unidos como principal destino: 1 milhão de pares, crescimento de 39,4% em volume e 25,4% em receita (US$ 20,8 milhões). No dia seguinte, a entidade recebeu com “surpresa e preocupação” a notícia dos tarifaço norte-americano. “O anúncio do presidente Trump é um grande balde de água fria para o setor calçadista brasileiro”, afirmou o presidente-executivo da associação, Haroldo Ferreira. “No primeiro semestre, estávamos, aos poucos, recuperando mercado nos Estados Unidos, apesar de todas as instabilidades.” Ele lembrou que os EUA têm superávit comercial com o Brasil e, assim, a medida não se justifica.

De janeiro a junho, as exportações brasileiras de calçados somaram US$ 497,3 milhões, crescimento de 3% sobre o primeiro semestre do ano passado. Em volume, foram 52,7 milhões de pares, alta de 8,8%. Com esses resultados, o setor vinha se recuperando de dois anos negativos, em 2023 e 2024. Os Estados Unidos compraram 5,8 milhões de pares (+13,5% em relação ao ano anterior), com valor de US$ 111,8 milhões (+7,2%).

Segundo a Abicalçados, os Estados Unidos corresponderam, no primeiro semestre, a 11% dos pares exportados e a 22,5% do valor – ante 10,6% e 21,6% em 2024. Depois dos EUA, os principais destinos são Argentina (US$ 103,9 milhões e 6,4 milhões de pares), Paraguai (US$ 20,2 milhões e 4,3 milhões), França (US$ 19,5 milhões e 1,3 milhão) e Colômbia (US$ 18,1 milhões e 4,3 milhões). Dos 52,7 milhões de pares exportados, praticamente metade (49,9%) são da categoria “outros calçados”, que inclui sapatos. Logo depois, com 47,1%, estão os chinelos. Os calçados esportivos respondem por 3,1% do total. Em valores, “outros calçados” têm 78,7% de participação, ante 15,3% dos chinelos e 6% dos calçados esportivos.

Entre as unidades da federação, o Rio Grande do Sul é o principal exportador brasileiro de calçados, com 46,8% do total em valores (US$ 232,7 milhões) e 30,3% em vendas (16 milhões de pares). Depois vem o Ceará, com 21% do valor total e 33,1% em volume – US$ 104,3 milhões e 17,5 milhões, respectivamente. São Paulo fica em terceiro: 10,6% do valor (US$ 52,9 milhões) e 6,9% do volume (3,6 milhões de pares). Em receita, o Rio Grande do Sul teve queda de 0,9% ante o primeiro semestre de 2024, o Ceará registrou alta de 0,9% e São Paulo cresceu 20,5%.

O setor se diz preocupado com as importações, que no primeiro semestre cresceram sobre “uma base já elevada”. A alta foi de 21,3% em receita (US$ 271,8 milhões) e 19,4% em volume (22,4 milhões de pares). Os principais países de origem foram China (US$ 23,4 milhões e 7,6 milhões de pares), Vietnã (US$ 127,8 milhões e 6,5 milhões) e Indonésia (US$ 67,9 milhões e 4,3 milhões).

A indústria espera crescimento de 1,4% a 2,2% neste ano – de 942 milhões a 949 milhões de pares. Desse total, 100 milhões serão destinados à exportação.